sábado, 15 de janeiro de 2011

Roupas, rotas e rotina


Um feixe de luz solar atravessou o vidro da janela, iluminando todo o seu rosto e anunciando um novo amanhecer e mais um dos intermináveis e exaustivos dias de sua vida. Nunca quisera assim conceber o nascer do sol. Os olhos, antes cerrados pelo sono, despertavam agora timidamente. Demorou alguns segundos para que seu subconsciente informasse a seu cérebro que havia chegado a hora de interromper a produção de sonhos e acordar. Entre bocejos, lamúrias e fadigas, decorrente do dia anterior, sentiu os músculos de suas costas contraírem-se, indicando sinais de estresse. Durante o café da manhã questionava-se sobre seu estilo de vida, se estava valendo à pena todo aquele desgaste psicológico, físico. A felicidade com que costumava começar o dia perdia espaço para a tristeza, quando em seu pensamento teciam-se os primeiros passos do seu roteiro diário. As horas se arrastavam e os dias pareciam sempre os mesmos. Pensava em tirar férias, dar uma ‘break’ na sua vida e dedicar-se a coisas que gostava de fazer com prazer. Lembrou-se dos tempos em que trabalho e diversão confundiam-se. A comparação é inevitável sempre que nos encontramos inconformados ou infelizes. Mordeu a maçã, lentamente, mastigando cada pedaço, infinitamente, na tentativa de postergar a sua saída e aproveitar cada segundo antes de fantasiar-se de pinguim e mais uma vez inserir-se no diário enfadonho de uma viagem sem sentido. Quando o nó de Windsor fechou-se em volta do seu pescoço, respirou fundo, armou-se de esperança e partiu, de mal grado, sentindo-se algoz da sua própria rotina e esperando a hora de, enfim, retornar.

Um comentário:

Belmiro Fernandes disse...

Ai, eu me senti assim duas vezes hoje!