
Passa ele, passa ela, passo eu. E a cada passo, encurto a minha trajetória. A velocidade a que me disparo não permite a colisão com outros corpos. Contorço cada vértebra, cada membro, ocupando os espaços vazios daquele longo corredor. Meu destino é certo e objetivo. Minha pressa é constante e subjetiva. Afinal, só a mim importa chegar ao final. E indiferente é qual o ponto de partida. Na tentativa de não colidir, bloqueio meu corpo ao toque alheio, evito a energia emanada por outros seres. Contudo, o andar na passarela nem sempre é um correr constante, uma pressa desmedida. Às vezes, permito-me apenas caminhar, apreciar a vista. Deixo-me ser tomado pela adrenalina do perigo de um dia escorregar. Certo é que a passarela da minha jornada carrega chegadas e partidas, medos e coragem, sentimentos outros indecifráveis, que obstruem meu caminho ou prendem-se ao que carrego. Desautorizados, clandestinos. Em alguns trechos, encontro alegria, noutros, saudade. Mas a quero sempre assim, como um abismo, carregada de emoções, alimentada por um objetivo e que eu tenha sempre que correr para nunca cair.
Um comentário:
Parece comigo! heheh
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