Em meio a livros, acessórios, peças de vestuário e remédios, toda bagunça produzida por alguns dias de reclusão em casa, o rubro do papel se destacou quase que ofuscando todos os outros objetos. Ele fingiu não ter visto, talvez porque soubesse desde já o que aquilo significava. Imediatamente passou a arrumar aquela sua desordem organizada. Dobrava cada roupa com velocidade beirando à inação. Colocou camisas e bermudas separadas, depois, por tipo de tecido e cor, numa sequência que lembraria uma aquarela. Reuniu e limpou cada par de sapatos que possuía. Um pano com algum produto de limpeza trouxe ao ambiente cheiro de orquídeas e lustrou o móvel. Amassou alguns papeis que não possuíam mais serventia, mas não conseguiu fazê-lo com aquele, em cima de sua cama, que mirava-o. Sentou-se e abriu rapidamente aquela que seria uma carta. Assinada e datada de seis meses atrás, trazia consigo muitas dúvidas e, ainda, amor. Por muito tempo vinha se perguntando se teria sido sua culpa, somente, o fim do seu romance. Se fora por falta de amor ou excesso dele. Cada passo que deu após o relacionamento inspirava crescimento e amadurecimento. Não sabia a razão do fim, mas tinha certeza de que o que ambos viveram e sentiram foi sincero e real. Cada linha daquela mensagem guardava o mais puro afeto do seu antigo amor. Elas narravam alguém confuso e desesperado por sentir algo tão forte e ter medo de machucar quem ama. Lágrimas pareciam estar sendo derrubadas enquanto as palavras se juntavam formando frases, compondo aquela triste nota de conclusão. Quem quer que tivesse acesso àquela, teria a impressão que se tratava de duas pessoas que ainda se amavam. Quando a última palavra foi lida a dúvida de meses desfez-se em segundos. Não por falta ou excesso, pela insegurança. A lágrima contida em seus olhos finalmente pode rolar pelo seu rosto encontrando um sorriso de satisfação. Pode parecer triste e melancólico, contudo trata-se de alguém que descobriu a tentativa do acerto face ao erro e a asserção de não mais repeti-lo. A felicidade também está no contentamento de quem descobre o progresso pessoal. Por um momento, ele pensou em jogá-la junto aos outros, mas mesmo limpando o “closet” que abriga o passado e seguindo em frente, algumas lembranças merecem permanecer preservadas.
Um comentário:
Que lindo heim!! adorei de verdade! românticoooo...=D
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