terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Novas lembranças de um antigo mundo


Ao seu redor apenas uns carros. No chão, poeira e asfalto se confundiam. Acima dele, uma árvore de tronco bastante forte e intimamente ligada a terra por sua raiz funda, o cobria com sua sombra. Estava sentado em um banco num lugar bastante familiar. Esse foi o cenário escolhido para que pudesse espairecer e se acalmar. Lembrava daquele lugar muito bem. Não haveria de ser diferente, cada centímetro daquele pateo tinha marcas por ele deixadas. Memórias de sua infância logo vieram pousar sobre seus pensamentos. Brincadeiras, pessoas queridas, momentos, vida. Momentos que ficarão pra sempre em sua recordação. Amigos que a vida separou, mas que sempre carrega no coração, amigos que o acompanham até hoje e que aquela não há de afastar. Retornou àquele lugar, onde fora menino, agora homem. Percebeu o peso de tal mudança e já não se reconhecia mais com aquele semblante angelical de outrora. Sentiu saudade dos tempos em que era livre, tempos de pouca preocupação e muita felicidade. Pouca coisa havia mudado desde sua época. Além do banco de cor amarela, foram acrescentadas também algumas árvores e jardins. Apenas o muro gritava diferença. Antes parecia maior, o via como uma fortaleza, aniquilando a existência de um mundo além daquelas fronteiras, hoje apenas uma construção. Lembrou-se de sua avó que lhe fazia almoços e doces e que sempre debruçava-se sobre a janela a olhá-lo, como quem guarda um tesouro. Sua madrinha que acostumou-o com bolos e café nos finais de tarde. Tios, tias, primos e amigos. Aquele lugar abrigava grande parte de sua história. Todas aquelas lembranças lhe trouxeram serenidade e a certeza de que enquanto criança era realmente feliz. A pouca luz deu-o mais privacidade e aconchego. Ligou o “Music Player” do celular e ao som de um MPB, pensou, sorriu... aquietou-se. Deixava mais uma marca, desta vez, não presa àqueles muros ou fixadas naquele solo, mas em sua pele, como uma tatuagem de traços finos e delicados... seu retorno.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Srta. Esperança, Dona Mãe e Sra. Sonho Realizado



A volta pra casa naquela noite de terça feira, pressenti, ia de ser diferente. Aquele lugar parecia já ter sido reservado para mim pelo destino. Sentei em pelo menos 2 bancos antes de chegar àquele que guardaria meu calor durante a viagem. Ao me acomodar, abri a janela para sentir aquele vento gelado e o sereno que continha aquela noite. Sentia-me só e parecia esperar por alguém. As três entraram em momento que estava distraído com o movimento dos carros e o andar desesperado das pessoas que por ali passavam. Duas sentaram-se à minha frente, enquanto a outra corria para meu lado. De logo, começaram a relatar sobre suas vidas. Tentei não me envolver naquela prosa tão particular. Não me pertencia. Nada sabia sobre aquelas estranhas à minha volta. Mas a minha presença parecia não incomodar a nenhuma delas, senti-me até parte daquele clã. A que primeiro falou exalava anseio e felicidade. Bastou algumas palavras para que eu percebesse que esta, logo, encontraria o matrimônio. Narrou sobre os preparativos e os planos; desenhou até seu estado pós a festa. Perdi-me naquele pensamento e segundos depois era outra que falava. Orgulhosa e totalmente dominada pela maternidade, exibia para as outras fotos de sua pequena. Todas pareciam muito envolvidas em cada historia ali mostrada. Emoção, amizade e carinho as envolviam e, pouco a pouco, a mim também. Dada a época, a pauta mudou para as festas de fim de ano. O balanço dos anos anteriores feito por elas eram, em sua maioria, positivos. Uma delas mostrava-se totalmente satisfeita e realizada. Ouvi que seu maior feito, desses últimos dois anos, fora ter entrado na faculdade. Tamanho era seu entusiasmo que quem a visse pensaria se tratar de obra faraônica. Podia-se ver através de seus olhos sua sinceridade. Levado por esses sentimentos, deixei-me conduzir por aquelas e sem perceber já podia reconhecer a tranquilidade e construções tao familiares daquela que tenho por “minha rua”. Levantei-me. E com um olhar de quem dizia adeus deixei-as para trás, mas com a certeza de que a esperança, o amor e os sonhos nunca me deixarão.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Fênix



Tentei arrancar de mim tudo que restou de você, cada vestígio. O gosto do seu beijo, o cheiro da sua pele o calor do seu abraço. Vã tentativa. Não posso apagar o passado, nem renunciar ao que senti. Em minha gaveta, afasto tudo que vem te lembrar. Tarefa mais árdua era apagar você da minha memória. Pensava: como posso estar tão só se outrora era tão feliz. Dois meses se passaram e levaram a dor que carrego em meu coração. Injusto é não ter tido explicação. Se fora por falta de amor, porque não dissestes? Fiquei à deriva da minha própria dor. Escravo desse sentimento que se entranhou em minhas veias. Tu me destes as costas, simplesmente abandonastes meu mundo. Chorei, chorei, entristeci e esqueci. Em meio à essas sensações enxerguei minhas virtudes e qualidades e me reergui, como uma fênix que ressurge das cinzas. Percebi que posso viver sem seu carinho. Se me perguntam de ti, indiferença. Se acaso lembro-me de um momento feliz ao seu lado, logo estou a pensar que estou apenas trilhando os primeiros passos do caminho da vida e muitos outros virão, mais intensos e avassaladores. A certeza que hoje tem morada em mim é a de que não é você que é bom demais pra mim, o brilho que sai hoje daquelas mesmas veias tristes é maior e mais forte do que seus olhos poderiam suportar.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Eu, o sol e o mar



O amarelo do sol, em muito, combinava com minha pele. A minha mente, intranquila,não se confundia com o mar, calmo e leve. Naquele momento só existiam eu,o sol...o mar. o cigarro acompanhava-me. O preto que o revestia, revelava o futuro incerto ,vacilante.
Viver é certo, é perigo constante. Errar, sofrer, amar e crer. Inerente ao homem e seu poder de razão também está a emoção. Estes, juntos, nos conduzem para uma aquarela de possibilidades, onde o branco é paz; o vermelho é paixão; e o preto... Nesse limítrofe entre a paz e a escuridão é onde está o amor, onde por vezes nos achamos perdidos, entre a loucura e a certeza. Mas hoje, renuncio ao alvo, ao rubro e ao negro. Quero apenas o azul do mar e o amarelo do sol, que me traduzem muito mais que signos, astros ou mapas.